Entre as inteligências humana e artificial: Um estudo sobre co-inteligência e curadoria
informacional
conhecimentos de diversas áreas para criar sistemas capazes de realizar tarefas
tradicionalmente associadas à inteligência humana. Essa visão reconhece que, longe
de substituir o ser humano por completo, a IA funciona como uma extensão de suas
capacidades, aprimorando análises, acelerando processos e viabilizando abordagens
antes impossíveis (McCorduck et al., 1977; Russell; Norving, 2020). Ao mesmo tempo,
ela apresenta desafios éticos, técnicos e epistemológicos que exigem uma reflexão
crítica sobre suas aplicações e limites (Nilsson, 2010).
Para compreender a evolução da inteligência artificial, adota-se o critério dos
níveis de capacidade, que refletem diferentes graus de autonomia, aprendizado e
raciocínio das máquinas. Com base nesse parâmetro, distinguem-se três categorias:
IA Estreita, IA Geral e Superinteligência Artificial. A IA Estreita (ou Fraca) abrange
sistemas projetados para tarefas específicas, como tradução, classificação de
imagens ou reconhecimento de voz, sem compreensão ampla do contexto
(Bergmann; Stryker, 2024). São ferramentas operadas por uma mente consciente, e
não entidades autônomas. A IA Geral (ou Forte) corresponde a um estágio hipotético
no qual sistemas seriam capazes de executar qualquer tarefa cognitiva humana,
aprendendo e resolvendo problemas de forma adaptativa. Contudo, não há evidências
de sua existência prática — todas as aplicações atuais permanecem no âmbito da IA
Estreita. Já a Superinteligência Artificial representaria um nível superior, capaz de
ultrapassar a cognição humana em todos os aspectos, da criatividade ao pensamento
estratégico, levantando desafios éticos e existenciais profundos (Raman et al., 2025).
Tendo em vista as definições de inteligência e de IA apresentadas nas seções
anteriores, é chegada a hora de definir um conceito central para este estudo: a co-IA.
O termo, também referido na literatura internacional como hybrid intelligence ou
mutual augmentation, descreve um paradigma no qual agentes humanos e sistemas
artificiais atuam de forma sinérgica, explorando suas capacidades complementares
para a resolução de problemas complexos e a criação de conhecimento (Liu; Fu, 2024;
Jarrahi et al., 2022).
Diferentemente de abordagens que visam substituir a atuação humana pela
automação total, a co-IA pressupõe a colaboração ativa entre pessoas e máquinas,
combinando atributos como criatividade, julgamento ético e compreensão contextual
(humanos) com a velocidade, escalabilidade e precisão do processamento
algorítmico. Nesse sentido, conforme Liu e Fu (2024, p. 2, tradução nossa), trata-se
4
Revista InovaEduTech Ibiá - MG, v.1 n.2 p. 50-73, Jan/Dez – DOI 10.63103/8zdh3h10 e-ISSN 3085-6558