Revista InovaEduTech  
Ibiá - MG  
v.1 n.2 p.50-73  
Jan/Dez  
ISSN 3085-6558  
ENTRE AS INTELIGÊNCIAS HUMANAE ARTIFICIAL:*  
UM ESTUDO SOBRE CO-INTELIGÊNCIA E CURADORIA INFORMACIONAL  
Arthur Marques de Oliveira 1  
Jordana Kunsler Zatti 2  
Greici Espindola Ferreira 3  
RESUMO  
Esta pesquisa investiga como estudantes de cursos de Tecnologia da Informação de uma instituição de  
ensino superior localizada em Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, percebem e utilizam práticas de co-  
inteligência e de curadoria informacional no cotidiano acadêmico. A abordagem adotada combina métodos  
quantitativos e qualitativos, com a aplicação de um questionário on-line a 145 estudantes. O referencial  
teórico discute diferentes níveis de inteligência artificial e os fundamentos da pedagogia crítica, situando a  
curadoria como mediação essencial para transformar informações geradas por algoritmos em conhecimento  
ético, contextualizado e significativo. Os resultados evidenciam o uso frequente de ferramentas de  
inteligência artificial para síntese de textos, organização de ideias e verificação inicial de fontes, além de  
revelarem a presença de práticas de coautoria e curadoria informacional, ainda que muitas vezes realizadas  
de forma intuitiva. Também se identificou uma lacuna conceitual em relação à co-inteligência e uma  
compreensão limitada sobre vieses e limites dessas tecnologias. Conclui-se que a consolidação da co-  
inteligência como paradigma educativo requer o fortalecimento da formação digital crítica, o desenvolvimento  
de atividades centradas em processos reflexivos e a formulação de políticas institucionais para o uso ético  
e responsável dessas ferramentas, em favor de uma educação mais crítica, criativa e inovadora.  
Palavras-chave: Tecnologia da Informação; Co-inteligência; Curadoria informacional.  
* Submetido em 26/09/2025 - Aceito em 29/10/2025  
1 Arthur Marques de Oliveira, Brasil e-mail: arthurbp2@gmail.com  
2 Jordana Kunsler Zatti, Brasil e-mail: jordana.zatti@gmail.com  
3 Greici Espindola Ferreira, Brasil e-mail: greici.espindola@gmail.com  
       
Entre as inteligências humana e artificial: Um estudo sobre co-inteligência e curadoria  
informacional  
1 INTRODUÇÃO  
Nas últimas décadas, a inteligência artificial consolidou-se como um dos  
principais vetores de inovação tecnológica, transformando paradigmas nos âmbitos  
produtivo, acadêmico e social. O avanço do armazenamento em nuvem, das redes  
neurais profundas e a redução dos custos de processamento ampliaram sua  
capacidade de analisar grandes volumes de dados, alcançando desempenho superior  
ao humano em tarefas como diagnóstico médico, reconhecimento de padrões e  
tomada de decisão.  
Mais recentemente, o surgimento de modelos generativos de linguagem e de  
arquiteturas híbridas, que combinam aprendizado simbólico e estatístico, expandiu a  
atuação da IA para domínios criativos e cognitivos. Estudos (Buruk, 2023; Trindade e  
Oliveira, 2024; Garcia, 2025) apontam que ferramentas como o ChatGPT já  
transformam práticas de pesquisa e escrita acadêmica, exigindo novas competências  
informacionais e criticidade no uso.  
Nesse contexto, emerge o conceito de co-inteligência, que descreve a  
colaboração entre humanos e sistemas inteligentes, combinando criatividade,  
julgamento ético e contexto humano com a velocidade e a escala do processamento  
algorítmico (Liu; Fu, 2024; Jarrahi et al., 2022). A co-inteligência manifesta-se em  
diversos campos (da saúde à educação) como paradigma sociotécnico que  
potencializa a ação humana e promove decisões mais eficientes e sustentáveis.  
Esse modelo também redefine a curadoria informacional, ao integrar humanos  
e algoritmos na filtragem e validação de conteúdos, exigindo governança ética e  
práticas críticas diante dos vieses dos sistemas (Halpin, 2025). Assim, compreender  
e aplicar a co-inteligência implica formar sujeitos capazes de atuar com discernimento,  
transformando dados automatizados em conhecimento contextualizado e socialmente  
relevante.  
Diante disso, este estudo investiga como estudantes de Tecnologia da  
Informação de uma instituição de ensino superior percebem e utilizam práticas de co-  
inteligência e curadoria informacional, analisando sua familiaridade com o conceito,  
suas práticas concretas e o papel atribuído à IA na aprendizagem colaborativa. A  
pesquisa busca contribuir para a formação digital crítica e para o uso ético e reflexivo  
da IA, em consonância com os princípios de inclusão, equidade e inovação educativa.  
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2 REFERENCIAL TEÓRICO  
A inteligência humana, em uma perspectiva ampla e interdisciplinar, pode ser  
compreendida como uma capacidade plural e multifacetada, que se expressa na  
adaptação criativa e eficiente aos desafios da vida. Mais do que um repertório fixo de  
habilidades passíveis de medição por testes, a inteligência abrange a integração de  
processos cognitivos, emocionais, sociais e culturais, os quais possibilitam ao  
indivíduo interpretar o mundo e atuar de maneira significativa nele (Miranda, 2002).  
Sob essa ótica, não existe uma única definição ou modelo que a represente em sua  
totalidade; cada enfoque, seja psicológico, educacional, sociológico ou antropológico,  
revela aspectos particulares de um fenômeno igualmente complexo (Roazzi; Souza,  
2002).  
A definição de IA sempre esteve ligada, desde seus primórdios, a aspirações  
que unem aspectos técnicos e filosóficos. Bolter (1984, p. 1, tradução nossa) recupera  
a formulação inicial de Marvin Minsky, que descreve a IA como “a ciência de fazer  
máquinas realizarem coisas que exigiriam inteligência se feitas por homens”. Ao  
desenvolver essa discussão, Bolter (1984) destaca que essa concepção original não  
se limitava à automação de tarefas repetitivas, mas visava criar sistemas que  
superassem a cognição humana. Na época, muitos cientistas enxergavam o cérebro  
como uma “máquina de carne” cuja lógica poderia ser replicada em circuitos  
eletrônicos, dando origem a uma nova forma de inteligência no planeta.  
A visão inicial de substituir completamente o ser humano por máquinas  
gradualmente deu lugar a uma perspectiva mais pragmática: a IA como ferramenta de  
apoio e ampliação das habilidades humanas, em vez de competir diretamente com  
elas. A experiência com sistemas simbólicos e expert systems nas décadas de 1970  
e 1980 mostrou que replicar a cognição humana em sua totalidade era muito mais  
complexo do que se supunha (McCorduck et al., 1977; Nilsson, 2010). Isso levou a  
uma mudança de direção: de projetos que buscavam simular a inteligência em sua  
plenitude para o desenvolvimento de ferramentas especializadas, capazes de resolver  
problemas específicos com maior eficiência do que os humanos em certos contextos  
(Russell; Norving, 2020).  
Dessa forma, a IA contemporânea pode ser definida como um campo  
interdisciplinar que combina ciência da computação, matemática, estatística e  
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conhecimentos de diversas áreas para criar sistemas capazes de realizar tarefas  
tradicionalmente associadas à inteligência humana. Essa visão reconhece que, longe  
de substituir o ser humano por completo, a IA funciona como uma extensão de suas  
capacidades, aprimorando análises, acelerando processos e viabilizando abordagens  
antes impossíveis (McCorduck et al., 1977; Russell; Norving, 2020). Ao mesmo tempo,  
ela apresenta desafios éticos, técnicos e epistemológicos que exigem uma reflexão  
crítica sobre suas aplicações e limites (Nilsson, 2010).  
Para compreender a evolução da inteligência artificial, adota-se o critério dos  
níveis de capacidade, que refletem diferentes graus de autonomia, aprendizado e  
raciocínio das máquinas. Com base nesse parâmetro, distinguem-se três categorias:  
IA Estreita, IA Geral e Superinteligência Artificial. A IA Estreita (ou Fraca) abrange  
sistemas projetados para tarefas específicas, como tradução, classificação de  
imagens ou reconhecimento de voz, sem compreensão ampla do contexto  
(Bergmann; Stryker, 2024). São ferramentas operadas por uma mente consciente, e  
não entidades autônomas. A IA Geral (ou Forte) corresponde a um estágio hipotético  
no qual sistemas seriam capazes de executar qualquer tarefa cognitiva humana,  
aprendendo e resolvendo problemas de forma adaptativa. Contudo, não há evidências  
de sua existência prática todas as aplicações atuais permanecem no âmbito da IA  
Estreita. Já a Superinteligência Artificial representaria um nível superior, capaz de  
ultrapassar a cognição humana em todos os aspectos, da criatividade ao pensamento  
estratégico, levantando desafios éticos e existenciais profundos (Raman et al., 2025).  
Tendo em vista as definições de inteligência e de IA apresentadas nas seções  
anteriores, é chegada a hora de definir um conceito central para este estudo: a co-IA.  
O termo, também referido na literatura internacional como hybrid intelligence ou  
mutual augmentation, descreve um paradigma no qual agentes humanos e sistemas  
artificiais atuam de forma sinérgica, explorando suas capacidades complementares  
para a resolução de problemas complexos e a criação de conhecimento (Liu; Fu, 2024;  
Jarrahi et al., 2022).  
Diferentemente de abordagens que visam substituir a atuação humana pela  
automação total, a co-IA pressupõe a colaboração ativa entre pessoas e máquinas,  
combinando atributos como criatividade, julgamento ético e compreensão contextual  
(humanos) com a velocidade, escalabilidade e precisão do processamento  
algorítmico. Nesse sentido, conforme Liu e Fu (2024, p. 2, tradução nossa), trata-se  
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da “combinação da inteligência humana e dos sistemas de IA, utilizando suas  
respectivas vantagens para alcançar uma tomada de decisão mais eficiente e precisa  
e resultados de trabalho sustentáveis”.  
Esse modelo colaborativo tem implicações diretas em múltiplos campos, desde  
a saúde, com diagnósticos assistidos por IA, até a educação, em que sistemas  
adaptativos personalizam trajetórias de aprendizagem de acordo com o perfil e o  
progresso do estudante. No contexto educacional, tais sistemas não apenas oferecem  
recomendações de conteúdo, mas também atuam como mediadores de processos  
metacognitivos, promovendo a reflexão sobre a própria aprendizagem. Nessa  
perspectiva, a IA deixa de ser um mero “tutor automatizado” para se tornar um  
coagente de aprendizagem, capaz de dialogar com o estudante, propor desafios  
personalizados e ampliar o repertório de recursos didáticos disponíveis ao docente.  
Halpin (2025) acrescenta que essa integração não é apenas técnica, mas  
epistemológica: o conhecimento produzido no contexto da co-IA emerge de redes  
sociotécnicas nas quais o resultado não pode ser atribuído exclusivamente a humanos  
ou a máquinas, mas à interação contínua entre ambos. Isso significa que a  
aprendizagem, quando mediada pela co-IA, passa a ser fruto de um ecossistema de  
construção conjunta, no qual dados, algoritmos e competências humanas se  
entrelaçam para criar soluções inovadoras e socialmente contextualizadas.  
Sob essa ótica, a co-IA também se diferencia de modelos tradicionais de  
inteligência coletiva (collective intelligence) por incorporar, de forma estruturada, a  
atuação de agentes algorítmicos no processo decisório e criativo. Em lugar de  
considerar a IA apenas como ferramenta instrumental, entende-se que ela participa  
como “parceira cognitiva” (Jarrahi et al., 2022), influenciando e sendo influenciada pelo  
contexto humano no qual está inserida. Na educação, isso implica repensar  
metodologias, práticas avaliativas e a própria organização curricular, para que o  
potencial de colaboração humano-máquina seja efetivamente explorado em benefício  
da aprendizagem crítica e reflexiva.  
Assim, compreender a co-IA envolve reconhecer que o valor não está apenas  
na soma das partes (humano + máquina), mas na interdependência dinâmica que  
emerge dessa colaboração. Tal perspectiva é especialmente relevante para o Ensino  
Superior, onde a co-IA pode apoiar desde a curadoria avançada de conteúdos até o  
desenvolvimento de projetos interdisciplinares que simulam cenários reais de atuação  
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profissional. Essa abordagem demanda, no entanto, uma formação digital crítica para  
docentes e discentes, capaz de integrar aspectos técnicos, éticos e pedagógicos no  
uso das tecnologias.  
Outro aspecto central é a capacidade da co-IA de ampliar práticas de avaliação  
formativa e somativa. Ao analisar padrões de desempenho e participação, sistemas  
híbridos podem fornecer devolutivas rápidas e personalizadas, permitindo que  
docentes identifiquem lacunas de aprendizagem em tempo real. Isso favorece  
intervenções pedagógicas mais precisas e equitativas, especialmente em turmas  
numerosas ou em modalidades de ensino híbridas e a distância. Nesse sentido, a co-  
IA pode contribuir para a concretização de metas do ODS 4 (Educação de Qualidade),  
ampliando o acesso e a personalização do ensino sem comprometer o rigor  
acadêmico.  
Por fim, o uso da co-IA em ambientes educacionais deve estar ancorado em  
princípios de transparência, ética e inclusão. Isso implica tornar explícitos os critérios  
de decisão dos sistemas, garantir que dados utilizados respeitem a privacidade dos  
usuários e prevenir vieses que possam reforçar desigualdades educacionais. Ao  
adotar tais cuidados, cria-se um ecossistema no qual humanos e máquinas não  
apenas colaboram, mas o fazem de modo responsável, fomentando uma cultura  
acadêmica que valoriza tanto o pensamento crítico quanto a inovação tecnológica.  
A curadoria, em sua origem, remete ao ato de cuidar e zelar por algo. No campo  
digital, o conceito amplia-se para englobar práticas de gestão, preservação e  
valorização de dados e conteúdo ao longo de seu ciclo de vida, assegurando acesso,  
uso e reuso em diferentes contextos (Costa; Araújo, 2020). Em uma sociedade  
marcada pela sobrecarga informacional e pela diversidade de formatos digitais, a  
curadoria configura-se como prática crítica e interdisciplinar voltada à construção de  
sentidos e à transformação da informação em conhecimento significativo.  
3 METODOLOGIA  
Esta pesquisa enquadra-se como um estudo aplicado, pois não se restringe à  
produção de conhecimento teórico, buscando oferecer soluções práticas a problemas  
específicos relacionados à percepção e ao uso da co-inteligência artificial e da  
curadoria informacional no contexto educacional e tecnológico. Visa gerar impacto  
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direto no ensino superior especialmente entre estudantes do Centro Universitário  
Cesuca , ao mesmo tempo em que contribui para a consolidação teórica de um  
campo emergente (Paiva, 2019).  
Adotou-se uma abordagem quanti-qualitativa, inserida na lógica dos métodos  
mistos (Creswell, 2007; Creswell; Clark, 2007), articulando a objetividade dos dados  
estatísticos à profundidade interpretativa da análise qualitativa (Bogdan; Biklen, 1994).  
O estudo integra perguntas fechadas, que possibilitaram análises estatísticas e  
representações gráficas, e perguntas abertas, voltadas à identificação de categorias  
emergentes e significados atribuídos pelos participantes ao uso da IA e da co-IA.  
Quanto aos objetivos, a pesquisa é exploratória, por buscar familiaridade com  
conceitos ainda incipientes, e descritiva, por relatar percepções, práticas de curadoria  
e significados associados à IA no processo de aprendizagem colaborativa.  
Os dados foram coletados no primeiro semestre de 2025 por meio de  
questionário online (Google Forms) composto por 17 questões, dividido entre dados  
sociodemográficos e práticas relacionadas à IA. Participaram 145 estudantes dos  
cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Ciência da Computação do  
Cesuca, selecionados por acessibilidade e conveniência, com participação voluntária  
e anônima. O instrumento baseou-se em literatura especializada (Bozal, 2006;  
Morales, 2000; Sulbarán, 2009) e utilizou Escala Likert para mensurar níveis de  
concordância, complementada por questões abertas para enriquecer a análise  
interpretativa.  
A análise dos dados foi conduzida em duas etapas: (a) estatística descritiva e  
representação gráfica das respostas fechadas; (b) análise categorial qualitativa das  
respostas abertas, identificando percepções e sentidos atribuídos à co-IA e à  
curadoria informacional. Essa integração metodológica permitiu construir uma  
compreensão ampla e consistente sobre as práticas investigadas, conciliando  
evidências quantitativas com interpretações qualitativas. Do total de questionários  
enviados, foi obtida uma amostra final de N = 145 respondentes, considerada  
suficiente para os fins deste estudo. A análise dos dados foi estruturada em duas  
etapas: (a) exame das informações sociodemográficas a partir das questões 1 a 7; e  
(b) análise das demais questões em função de sua relevância para o escopo da  
pesquisa (questões 8 a 17). As perguntas presentes no questionário foram as  
seguintes:  
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Quadro 1: Perguntas do formulário.  
Natureza  
Pergunta  
Conteúdo  
Sociodemográfica  
1
2
3
4
5
6
7
Qual seu curso?  
Em qual semestre você está atualmente?  
Qual a sua idade?  
Você se identifica como: (opções de identidade de gênero)  
Você trabalha atualmente?  
Você reside em qual cidade do RS?  
Específicas  
Você já participou de alguma disciplina, oficina ou curso que  
abordasse o tema da IA?  
8
Em uma escala de 0 a 5, qual é o seu nível de familiaridade com o  
conceito de IA?  
9
Você já ouviu falar no termo co-IA?  
10  
11  
12  
13  
Se respondeu "sim", como você compreende o termo co-IA?  
Marque abaixo as ferramentas baseadas em IA que você já utilizou?  
Com que frequência você utiliza ferramentas de IA?  
Quando você busca informações na internet, qual destas atitudes  
você adota com maior frequência?  
14  
15  
16  
Você já usou alguma ferramenta de IA para organizar ou verificar  
informações para:  
Quando você utilizou alguma ferramenta de IA para curar ou  
organizar informações, qual foi o seu objetivo principal?  
De modo geral, como você avalia o uso de IA no processo de  
pesquisa acadêmica?  
Fonte: elaborado pelos autores (2025).  
Importante destacar que se trata de uma amostra de conveniência que, conforme  
Lakatos e Marconi (2017), a amostra de conveniência é composta pelos elementos  
mais disponíveis ao pesquisador, sendo amplamente utilizada em pesquisas  
exploratórias pela rapidez e economia que proporciona. A dimensão da amostra  
esteve condicionada à adesão voluntária dos estudantes convidados a responder ao  
questionário, aplicado via Google Forms, o que naturalmente implicou a não  
devolução de parte dos formulários enviados. Apesar das limitações inerentes à  
ausência de recursos para ampliar o alcance da pesquisa e à restrição quanto ao perfil  
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institucional dos participantes, a amostra pode ser considerada adequada e  
representativa em relação ao objeto investigado, permitindo a análise consistente das  
percepções, práticas de curadoria e usos atribuídos à IA e ao conceito de co-IA no  
contexto acadêmico.  
4 ANÁLISES E RESULTADOS  
A seguir, apresentam-se os resultados do questionário, acompanhados de sua  
respectiva análise.  
P.1 - Qual seu curso?  
P.3 - Qual a sua idade?  
P.4 - Você se identifica como?  
P.5 - Você trabalha atualmente?  
Os dados revelam que a amostra é composta, em sua quase totalidade, por  
estudantes vinculados aos cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS)  
e Ciência da Computação (CC), que juntos representam mais de 98% dos  
participantes, evidenciando o foco da investigação em formações diretamente  
associadas ao campo tecnológico. A análise do semestre em que os discentes se  
encontram demonstra uma distribuição relativamente equilibrada, com destaque para  
o 4º semestre (27,8%) e o 2º semestre (23,6%), indicando que a pesquisa contempla  
tanto estudantes em etapas iniciais quanto intermediárias do percurso formativo. Do  
ponto de vista etário, a predominância está na faixa de 19 a 24 anos (76,4%), seguida  
por estudantes com até 18 anos (11,1%), configurando um público  
predominantemente jovem, característica coerente com a fase de ingresso e  
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consolidação em cursos de graduação.  
No que se refere às variáveis de gênero, observa-se o predomínio masculino  
(85,4%), seguido pela presença de mulheres (13,2%) e, em proporção ainda menor,  
de pessoas não binárias, o que suscita reflexões relevantes acerca da  
representatividade e da diversidade de gênero no campo da tecnologia,  
tradicionalmente marcado pela desigualdade nesse aspecto. Em relação à situação  
ocupacional, verifica-se uma distribuição relativamente equilibrada: 31,3% atuam  
profissionalmente na área de tecnologia, 33,3% trabalham em setores distintos e  
35,4% não exercem atividade laboral no momento, o que aponta para diferentes  
realidades socioeconômicas que coexistem no universo estudantil pesquisado. Por  
fim, quanto à localização geográfica, destaca-se a concentração de residentes na  
Região Metropolitana de Porto Alegre, em municípios como Canoas, Cachoeirinha e  
Alvorada, revelando uma centralidade regional que deve ser considerada na análise  
dos resultados, dado o papel estratégico dessa área na formação de profissionais para  
o setor tecnológico.  
P.7 - Você já participou de alguma  
disciplina, oficina ou curso que abordasse seu nível de familiaridade com o conceito  
o tema da IA? de IA?  
P.8 - Em uma escala de 0 a 5, qual é o  
Os resultados apontam que 51,4% dos estudantes já participaram de  
disciplinas, oficinas ou cursos envolvendo IA, enquanto 43,1% nunca tiveram contato  
prévio com o tema. Isso demonstra que, embora a maioria possua alguma vivência  
inicial com a temática, ainda existe uma parcela significativa sem formação  
estruturada na área. Quanto ao nível de familiaridade autodeclarado, observa-se que  
69,4% afirmam saber o que é IA, mas nunca utilizaram ferramentas; em contrapartida,  
apenas 17,4% nunca ouviram falar sobre o conceito e uma pequena fração (cerca de  
10%) afirma possuir uso frequente aliado a compreensão razoável. Esses dados  
revelam que o conhecimento sobre IA ainda se situa predominantemente em um plano  
conceitual superficial, com limitada apropriação prática e técnica.  
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P.9 - Você já ouviu falar no termo co-inteligência artificial?  
Os dados revelam que o conceito de co-inteligência artificial (Co-IA) ainda é  
pouco difundido entre os estudantes investigados: 68,1% afirmaram nunca ter ouvido  
falar do termo, enquanto 22,2% declararam não ter certeza e apenas 9,7% indicaram  
conhecê-lo. Este resultado evidencia um vazio conceitual significativo, considerando  
que a Co-IA vem sendo debatida em contextos acadêmicos e profissionais como uma  
abordagem emergente capaz de superar a lógica de substituição homem-máquina,  
promovendo, ao contrário, formas colaborativas de resolução de problemas e de  
aprendizagem.  
As respostas abertas fornecidas pelos poucos participantes que afirmaram  
conhecer o termo denotam compreensões fragmentadas e, por vezes, imprecisas, que  
variam de interpretações simplistas (“colaboração de inteligências”) a manifestações  
de desconhecimento explícito (“respondi não”, “não sei”, “é legal”). Essa diversidade  
de percepções indica que a Co-IA ainda não se consolidou como um referencial  
teórico ou prático estruturado no repertório discente, funcionando mais como uma  
noção vaga do que como um conceito operativo.  
Do ponto de vista teórico, autores como Pierre Lévy (2015) já discutiam a noção  
de inteligência coletiva, entendida como a capacidade dos grupos humanos de  
compartilharem saberes e produzirem conhecimento em rede. A ideia de co-  
inteligência artificial dialoga com esse horizonte, pois pressupõe uma articulação entre  
inteligência humana, coletiva e artificial, em um modelo no qual a tecnologia não  
substitui, mas amplia as potencialidades de análise, criatividade e tomada de decisão  
(Vicari, 2021; Bacich, 2025). No entanto, a ausência de clareza conceitual entre os  
estudantes reforça a necessidade de formações sistemáticas que introduzam tais  
perspectivas em currículos acadêmicos e práticas pedagógicas.  
Além disso, o fato de que mais de dois terços dos respondentes desconhecem  
o termo sugere que, mesmo em cursos ligados diretamente à área de tecnologia, o  
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discurso hegemônico sobre IA ainda está centrado em aplicações instrumentais  
(ferramentas de automação, geração de texto e imagens, programação assistida),  
sem avançar para dimensões mais críticas, éticas e colaborativas que a Co-IA propõe.  
Tal constatação abre espaço para reflexões acerca do papel da universidade na  
mediação desse processo, ampliando a compreensão da IA não apenas como recurso  
técnico, mas como fenômeno sociotécnico que reconfigura práticas de ensino,  
pesquisa e trabalho.  
Nesse sentido, a inclusão da temática da Co-IA em atividades acadêmicas e  
curriculares pode contribuir para deslocar os estudantes de uma perspectiva  
meramente utilitária para uma compreensão mais ampla de suas implicações  
epistemológicas e sociais. Como destaca Hess e Swartz (2023), “a integração acrítica  
da IA pode reforçar desigualdades existentes, ao invés de promover equidade” (p.  
350), o que se aplica também à Co-IA: se não for debatida em sua complexidade,  
corre o risco de se reduzir a um slogan ou conceito vazio, sem efetivo impacto  
formativo.  
P.11 - Marque abaixo as ferramentas baseadas em IA que você já utilizou:  
Os dados referentes às ferramentas de inteligência artificial utilizadas pelos  
estudantes revelam um cenário marcado pela predominância de recursos amplamente  
difundidos no cotidiano acadêmico e tecnológico. O ChatGPT emerge como o recurso  
absolutamente dominante, sendo referenciado por 98% dos respondentes, o que  
corrobora sua posição central no repertório instrumental dos estudantes. Na sequência,  
observa-se a significativa utilização do Google Bard/Gemini (72,8%) e do Copilot, da  
GitHub/Microsoft (60,5%), este último ostensivamente mobilizado por discentes com  
maior familiaridade e engajamento em práticas de programação. Em contraponto a  
essa tendência majoritária, identifica-se a presença do DeepSeek, ferramenta que  
registrou um pico de popularidade recente, com uma taxa de menção de 48,3%.  
Além desses, também surgem referências expressivas a ferramentas de IA  
incorporadas em redes sociais, como filtros de imagem, sumarizadores automáticos de  
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conteúdo e geradores de legenda, citadas por 46,9% dos participantes. Este último  
dado evidencia que a apropriação da IA pelos estudantes transcende o estritamente  
acadêmico, permeando também esferas de uso pessoal e de entretenimento.  
Com uma frequência significativamente menor, são mencionadas ferramentas  
de geração de imagens, como Midjourney e DALL·E (23,1%), bem como diversas  
outras ferramentas emergentes, por exemplo, BlackBox, muso.ai, Galaxy AI, Grok,  
Manus AI, Cursor e Claude IA, cada uma com índices inferiores a 1%. Esta parcela de  
citações, ainda que residual, indica que parte dos alunos busca explorar recursos além  
do campo textual, explorando e expandindo a interação com tecnologias generativas  
multimodais.  
P.12 - Com que frequência você utiliza ferramentas de IA?  
Os dados referentes à frequência de uso das ferramentas de inteligência artificial  
indicam que uma parcela significativa dos estudantes mantém contato constante com  
essas tecnologias. O grupo mais expressivo é o dos que utilizam IA diariamente,  
representando 44,1% da amostra, o que demonstra a incorporação dessas ferramentas  
ao cotidiano acadêmico, profissional e até pessoal. Em seguida, 43,4% afirmaram  
utilizá-las algumas vezes por semana, confirmando que, para a maioria, a interação  
com IA já ocorre de forma regular e recorrente.  
Em contrapartida, 5,4% utilizam IA apenas raramente e 6,1% algumas vezes por  
mês, enquanto apenas 0,7% afirmaram nunca utilizar. Esses números evidenciam que,  
embora a frequência varie entre os respondentes, há um predomínio do uso contínuo,  
com mais de 85% da amostra declarando recorrer às ferramentas de inteligência  
artificial ao menos algumas vezes por semana.  
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informacional  
P.13 - Quando você busca informações na internet, qual destas atitudes você adota  
com maior frequência? (Marque mais de uma, se desejar)  
Os dados obtidos mostram que a maioria dos estudantes adota posturas críticas  
ou reflexivas ao buscar informações na internet, embora ainda haja uma parcela que  
recorre a estratégias menos criteriosas. O comportamento mais mencionado foi o de  
comparar diferentes resultados encontrados, prática adotada por 67,3% dos  
respondentes. Em seguida, 58,5% afirmaram que verificam a fonte da informação antes  
de utilizá-la, o que demonstra preocupação com a credibilidade e a confiabilidade do  
material acessado.  
Além disso, 52,4% declararam usar ferramentas de IA para sintetizar conteúdos,  
enquanto 35,4% costumam ler resumos gerados automaticamente por IA, o que indica  
uma integração crescente dessas tecnologias na rotina de busca e seleção de  
informações. Já 25,2% relataram o hábito de fazer anotações ou resumos com base no  
que encontram, mostrando um esforço ativo de organização e apropriação do  
conhecimento. Por fim, 23,1% afirmaram que confiam nos primeiros links que aparecem  
nos mecanismos de busca, revelando uma prática mais imediatista e que pode limitar  
o alcance a conteúdos mais diversificados ou aprofundados.  
P.14 - Você já usou alguma ferramenta  
de IA para organizar ou verificar  
informações para:  
P.15 - Quando você utilizou alguma  
ferramenta de IA para curar ou organizar  
informações, qual foi o seu objetivo  
principal?  
As respostas às duas questões revelam que os estudantes não apenas utilizam  
ferramentas de inteligência artificial de forma frequente, mas também atribuem a elas  
funções diretamente relacionadas à curadoria e à organização da informação. Quando  
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questionados sobre os contextos em que já recorreram à IA para essas finalidades,  
destacaram-se três grandes áreas: estudos pessoais (45,6%), trabalhos acadêmicos  
(27,2%) e atividades profissionais (22,4%). Esses dados mostram que, embora o uso  
esteja fortemente associado ao aprendizado individual, há também um movimento  
relevante de incorporação da IA tanto em tarefas formais de produção acadêmica  
quanto em demandas do mercado de trabalho, ampliando o alcance da tecnologia para  
diferentes esferas da vida dos estudantes.Em relação aos objetivos que orientam esse  
uso, os estudantes apontaram finalidades bastante diversas, mas que convergem para  
a busca de eficiência e praticidade. O propósito mais citado foi o de organizar ideias  
para um trabalho acadêmico (37,4%), seguido por resumir textos e artigos (19%) e obter  
respostas rápidas para estudos (17%). Outras finalidades incluíram selecionar  
conteúdos mais relevantes entre várias fontes (12,9%) e criar apresentações ou  
materiais visuais (4,8%). Essa distribuição evidencia que, na prática, os estudantes  
utilizam a IA como uma aliada na gestão da sobrecarga informacional, buscando  
economizar tempo, estruturar melhor seus trabalhos e otimizar processos de produção  
acadêmica.  
P.16 - De modo geral, como você avalia o P.17 - Você acredita que a IA pode ajudar  
uso de IA no processo de pesquisa  
acadêmica?  
no desenvolvimento do pensamento  
crítico se usada com orientação  
adequada?  
Os dados obtidos revelam que a maioria dos estudantes enxerga a inteligência  
artificial como uma aliada no processo de pesquisa acadêmica, ainda que seu uso  
demande discernimento. Para 58,6% dos participantes, a IA representa um recurso que  
acelera e aprimora significativamente as etapas da pesquisa. Outros 31% reconhecem  
sua utilidade, mas alertam para a necessidade de cautela quanto à confiabilidade das  
informações geradas. Apenas uma minoria dos respondentes afirmou que a IA não  
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interfere, dificulta ou sequer foi utilizada com esse propósito. Esses resultados apontam  
para uma ampla aceitação da tecnologia, acompanhada por uma postura reflexiva e  
crítica em relação ao seu uso. Evidencia-se, assim, que a eficácia da inteligência  
artificial na pesquisa acadêmica está intrinsecamente vinculada à mediação humana,  
especialmente no que se refere à curadoria, interpretação e validação dos dados  
obtidos.  
No que diz respeito à contribuição da IA para o desenvolvimento do pensamento  
crítico, 57,9% dos estudantes acreditam que a tecnologia pode desempenhar um papel  
decisivo nesse processo, enquanto 34,5% a consideram parcialmente útil nesse  
aspecto. Apenas uma minoria expressiva não reconhece esse potencial. Essa  
percepção sugere que, longe de representar uma ameaça ao pensamento crítico, a IA  
pode, na verdade, estimulá-lo, desde que inserida em um contexto formativo no qual a  
reflexão, o julgamento e a análise humana permaneçam como elementos centrais.  
5 DISCUSSÃO  
A interpretação dos dados empíricos, fundamentada no referencial teórico  
adotado, revela que a compreensão dos estudantes sobre inteligência artificial ainda  
se restringe, em grande parte, a um nível conceitual superficial. Embora 69,4% afirmem  
saber o que é IA, a maioria não possui vivência prática estruturada, o que demonstra  
uma apropriação ainda incipiente das potencialidades e limites dessa tecnologia. No  
que tange à co-inteligência artificial (Co-IA), os dados evidenciam um vazio conceitual  
expressivo: 68,1% dos participantes nunca ouviram falar do termo, enquanto apenas  
9,7% declararam conhecê-lo. Esse achado é particularmente relevante diante do  
potencial da Co-IA em romper com a lógica de substituição homem-máquina, propondo,  
em seu lugar, formas colaborativas de resolução de problemas e construção de  
conhecimento. A ausência de familiaridade com esse conceito aponta para a urgência  
de sua inserção nos debates acadêmicos e curriculares, especialmente no ensino  
superior, como estratégia para formar sujeitos críticos e preparados para lidar com os  
desafios da cultura digital.  
Outro aspecto de destaque refere-se às práticas de curadoria informacional. Os  
dados indicam que a maioria dos estudantes adota posturas críticas e reflexivas, como  
a comparação entre diferentes fontes (67,3%) e a verificação da credibilidade das  
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informações (58,5%). Tais comportamentos se aproximam da noção de curadoria  
mediada pela Co-IA, na qual humanos e máquinas colaboram na filtragem, organização  
e validação de conteúdo. Essa perspectiva dialoga com a pedagogia freireana, que  
valoriza a criticidade e a autonomia como pilares do processo educativo. No entanto, a  
presença de práticas imediatistas, como a confiança nos primeiros links de busca  
(23,1%), revela desafios ainda presentes na consolidação de uma postura investigativa  
mais consistente.  
A percepção dos estudantes sobre a contribuição da IA para o desenvolvimento  
do pensamento crítico também é relevante: 57,9% a consideram decisiva nesse  
processo e 34,5% a veem como parcialmente útil. Esses números sugerem que,  
quando situada em contextos formativos baseados no diálogo e na problematização, a  
IA pode assumir papel pedagógico significativo, ampliando a capacidade de reflexão,  
análise e julgamento crítico.  
De forma mais ampla, os resultados apontam para um descompasso entre a  
concepção teórica de co-IA e as práticas efetivas dos estudantes. Enquanto a literatura  
a descreve como um processo colaborativo no qual humanos e sistemas algorítmicos  
atuam como parceiros cognitivos em tarefas complexas, o uso relatado restringe-se a  
funções instrumentais, como buscas rápidas e sínteses automáticas. Assim, embora  
44,1% utilizem ferramentas de IA diariamente, esse contato não se traduz em  
experiências co-criativas ou em reflexões sobre os processos metacognitivos  
implicados.  
Esse cenário adquire relevância estratégica para a educação superior. Se, por  
um lado, os estudantes reconhecem a importância da IA para o pensamento crítico e  
para a mediação da informação, por outro, a falta de compreensão estruturada sobre a  
co-IA limita sua integração como agente efetivo de aprendizagem. Tal lacuna reforça a  
urgência de práticas pedagógicas que estimulem usos mais sofisticados, reflexivos e  
colaborativos da tecnologia, superando a visão instrumental e utilitária.  
Nesse contexto, a formação digital crítica emerge como condição essencial.  
Mais do que garantir o acesso às ferramentas, trata-se de desenvolver competências  
técnicas, éticas e pedagógicas que favoreçam interações criativas e conscientes entre  
humanos e IA. Apenas assim será possível aproximar a prática cotidiana da concepção  
teórica de co-IA, explorando seu potencial para a aprendizagem personalizada, a  
curadoria qualificada de conteúdos e a construção de trajetórias formativas alinhadas  
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às demandas da cultura digital contemporânea.  
Em síntese, a análise mostra que a efetiva integração da co-IA no ensino  
superior ainda se configura como um horizonte a ser alcançado. O uso da IA já está  
presente e consolidado no cotidiano discente, mas sua exploração permanece  
superficial. A superação desse descompasso exigirá esforços institucionais e  
pedagógicos capazes de promover a co-IA como paradigma educacional, favorecendo  
tanto a eficiência quanto a criticidade e a profundidade da experiência de  
aprendizagem.  
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS  
Este estudo revelou que a Co-IA já se manifesta como uma realidade concreta  
no cotidiano dos estudantes, ainda que frequentemente mobilizada de modo  
instrumental e pouco reflexivo. As evidências apontam um uso intenso de ferramentas  
baseadas em IA, sobretudo para síntese e organização de informações, mas também  
um vazio conceitual em relação à co-IA como paradigma colaborativo entre humanos e  
máquinas. Essa discrepância reforça a urgência de pensar educativamente essa nova  
condição: como formar sujeitos capazes de co-produzir conhecimento com a IA  
mantendo a criticidade e a autonomia intelectual como princípios fundantes.  
Este estudo revelou que a Co-IA já se manifesta como uma realidade concreta  
no cotidiano dos estudantes, ainda que frequentemente mobilizada de modo  
instrumental e pouco reflexivo. As evidências apontam um uso intenso de ferramentas  
baseadas em IA, sobretudo para síntese e organização de informações, mas também  
um vazio conceitual em relação à co-IA como paradigma colaborativo entre humanos e  
máquinas. Essa discrepância reforça a urgência de pensar educativamente essa nova  
condição: como formar sujeitos capazes de co-produzir conhecimento com a IA  
mantendo a criticidade e a autonomia intelectual como princípios fundantes.  
A co-IA, nesse contexto, não deve ser entendida como simples apoio  
tecnológico, mas como espaço de coautoria informacional, onde o humano exerce  
papel ativo de curador, selecionando, filtrando, validando e reinterpretando o que é  
produzido por sistemas generativos. A curadoria, portanto, deixa de ser uma etapa  
acessória para tornar-se o núcleo epistêmico dessa interação: é ela que transforma  
dados automatizados em conhecimento significativo, ético e contextualizado. Nesse  
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sentido, a co-IA deve ser compreendida como metodologia emergente, que articula  
geração algorítmica e julgamento humano em um ciclo contínuo de produção, avaliação  
e ressignificação da informação. Seu valor educativo não reside na automação, mas na  
possibilidade de pensar com a IA exercitando discernimento, ética e autoria. A  
curadoria, assim, atua como dispositivo formativo que garante a presença da  
subjetividade, da crítica e do sentido na relação com tecnologias cada vez mais  
autônomas.  
Em síntese, a coautoria informacional via curadoria representa a chave  
pedagógica para uma educação que não rejeita a IA, mas a reinscreve sob uma  
perspectiva humanizadora. Formar para a co-IA é formar para o diálogo entre  
inteligências (humanas e artificiais), promovendo um modo de aprender e ensinar que  
combina rigor científico, consciência ética e protagonismo intelectual. Essa é a tarefa  
que se impõe aos educadores do presente: ensinar a pensar com a IA, e não por ela,  
garantindo que a tecnologia amplie, e não substitua, a potência criadora do sujeito.  
Os especialistas entrevistados destacaram a necessidade de regulamentações  
mais claras para o uso de dados sensíveis e a inclusão de tecnologias acessíveis para  
populações marginalizadas. Foi observado também que a integração com inteligência  
artificial melhora a precisão e a utilidade dos dispositivos, mas aumenta os riscos  
relacionados à segurança de dados, exigindo mecanismos robustos de proteção.  
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