A Percepção dos Gerentes Sobre os Trabalhadores
Uma Análise Crítica
DOI:
https://doi.org/10.63103/ezshh274Palavras-chave:
trabalhadores, gerentes, hospital, saúde, adoecimentoResumo
O presente artigo investiga a percepção dos gerentes de um hospital universitário sob gestão privada acerca do trabalho realizado por seus subordinados. A pesquisa analisa criticamente como sua posição contraditória—simultaneamente empregados e gestores do capital—molda suas concepções e práticas gerenciais. O estudo parte da compreensão de que, embora os gerentes sejam responsáveis por garantir a eficiência produtiva e atender às demandas institucionais, sua proximidade com os trabalhadores lhes permite testemunhar diretamente as condições laborais e as tensões resultantes da lógica capitalista. Baseado no método do materialismo histórico-dialético, a metodologia adotada foi qualitativa, com a realização de entrevistas semiestruturadas com três gerentes, além da análise documental e revisão bibliográfica. O hospital analisado foi originalmente de gestão pública e, atualmente, está sob administração da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), inserindo-se no contexto das transformações organizacionais dos hospitais universitários federais promovidas pelo Estado. Os resultados revelam que, embora os gerentes reconheçam a dedicação e o comprometimento dos trabalhadores, também identificam desafios significativos, como sobrecarga de trabalho, desvios de função e tensões nas relações interpessoais. Além disso, apontam a deterioração dos direitos trabalhistas, especialmente para contratados sob o regime CLT. O estudo conclui que, apesar de sua posição intermediária na estrutura produtiva, os gerentes demonstram potencial para desenvolver uma postura crítica em relação às condições impostas aos trabalhadores, mas permanecem limitados pelas exigências sistêmicas do capital.
Downloads
Referências
ALVES, G. O novo e precário mundo do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2000.
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.
ANTUNES, R.; ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educação & Sociedade, v. 25, n. 87, p. 335-351, 2004.
ANTUNES, R. BRAGA, R. (org.). Infoproletários: Degradação Real do Trabalho Virtual. São Paulo: Boitempo, 2009.
ANTUNES, R. Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil III. São Paulo: Boitempo, 2014.
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 3. ed. São Paulo: Boitempo, 2018.
ANTUNES, Ricardo. O Privilégio da Servidão. São Paulo: Boitempo, 2020.
BAKHTIN, M. The dialogical imagination. Austin: University of Texas Press, 1981.
BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Brasil: 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasil: 1943. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 14 mar. 2025.
BRAVERMAN, H. Trabalho e Capital Monopolista: A Degradação do Trabalho no Século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
DEJOURS, C. Trabalho Vivo II: Trabalho e emancipação. São Paulo: Blucher, 2022.
FAIRCLOUGH, N. Discourse representation in media discourse. Sociolinguistics, v. 17, p. 125-139, 1988.
FAIRCLOUGH, N. Discurso e Mudança Social. Brasília: Editora UnB, 2019.
FOUCAULT, M. The archeology of knowledge. Londres: Tavistock Publications, 1972.
KRISTEVA, J. Word, dialogue and novel. In: MOI, T. (Ed.). The Kristeva reader. Oxford: Basil Blackwell, 1986, p. 34-61.
LEFEBVRE, H. Lógica formal, lógica dialética. Tradução: Carlos Nelson Coutinho. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos de 1844. Tradução de Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2004.
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Livro 1. São Paulo: Boitempo, 2023.
PREVITALI, F. S. O controle do trabalho pelo discurso da qualificação do trabalhador no contexto da reestruturação produtiva do capital. Publicatio UEPG, v. 17, p. 141-155, 2009.
PREVITALI, F. S.; FAGIANI, C. C. Organização e controle do trabalho no capitalismo contemporâneo: a relevância de Braverman. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 12, n. 4, p. 756-69, out./dez. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cebape/a/rvxsFGk9psvf5hz6tPSXSFs/?format=pdf. Acesso em: 19 mar. 2025.
SIBILIA, P. Homem Pós-Orgânico. São Paulo: Relume-Dumara, 2002.
SINGER, P. Escola e capital. Folha de São Paulo, São Paulo, p. 3, 10 nov. 1980.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
WRIGHT MILLS, C. A imaginação sociológica. São Paulo: Companhia das Letras, 1972.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Copyright (c) 2025 Autor

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Atribuição 4.0 Internacional
Ao exercer os Direitos Licenciados CC BY 4.0, você aceita e concorda estar sujeito aos termos e condições desta Licença Pública Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (“Licença Pública”). Enquanto esta Licença Pública possa ser interpretada como um contrato, você recebe os Direitos Licenciados, em contrapartida, pela aceitação destes termos e condições, e o Licenciante concede-Lhe tais direitos, em contrapartida, pelos benefícios que o Licenciante recebe por disponibilizar o Material Licenciado sob estes termos e condições.
Texto completo no link a seguir:
Texto Legal - Atribuição 4.0 Internacional - Creative Commons